sábado, 10 de fevereiro de 2007

Vampiro: A Máscara: Reflexões sobre Geração e Diablerie

Lá pelo fim da idade média, aconteceram coisas no Mundo das Trevas que diminuiram sensivelmente a quantidade de vampiros de gerações baixas. A Revolta Anarquista e a inquisição dizimaram muitos Vampiros. Os de geração baixa que sobreviveram, podem ser considerados paranóicos, sábios e poderosos o suficiente para não serem facilmente diablerizados.


E extremamente raros, difíceis de serem encontrados. Pode-se imaginar que além dos personagens de geração baixa citados nos livros da White Wolf, deve haver no mundo todo mais o quê? Uns 20 muito bem escondidos? Não dá pra achar e sair diablerizando vampiros de geração baixa como se eles fossem tão numerosos quanto os de altas gerações.


Se a crônica está ambientada na Europa, dá pra pensar em geração baixa mais coerentemente que na américa. Numa cidade brasileira de porte grande, poderia haver um única 6ª geração (se tiver) e uns dois sétimas. O Príncipe ou Arcebispo da cidade se inclui nessa contagem. Todos eles muito bem protegidos pelo seu poder e pelas leis da Camarilla (caso os personagens sejam Camarilla). Ainda assim são raríssimos. É só dar uma olhada nas gerações dos personagens de exemplo do Guia da Camarilla ou do Guia do Sabá.


Quanto a evolução do personagem, dá pra pensar que se ele evoluiu, o ancião tb evoluiu... igualar poderes é embaçado, por mais forte que o personagem de jogador tenha se tornado. E Diablerie, na Camarilla, é crime punido com a Morte Final.


Por isso o que eu digo é: cuidado, criar personagens que começaram com geração alta e baixaram a geração à medida que foram ficando fortes é ignorar o crime mais hediondo da Camarilla. Tem muito personagem poderoso da White Wolf com geração alta, e ele não deixa de ser temido por causa disso.


Esse não é um jogo de baixar geração, quem baixa geração tem de ser punido, exceto raríssimas situações (certas trilhas de sabedoria). A Diablerie é um tipo de tabu ou tentação colocado no jogo para que os que caiam nessa furada percam rapidamente seus personagens, sejam eles punidos pelo crime, perdendo o personagem para a Besta (pois se perde um ponto de humanidade a cada diablerie, e até mesmo de muitas trilhas), ou devorados por diableristas como eles próprios. A Diablerie é uma ferramenta de horror, de lidar com a tentação... não uma ferramenta criada para aumentar o seu nível de poder. Pense na Diablerie com a mesma cautela que avalia o Infernalismo.


Gerações baixas devem ser reservadas apenas para jogadores que sabem jogar com anciões. Ser ancião não é ser como personagem de anime, ou se comportar como Batman, ou falar gírias, se achar o James Bond nem o Indiana Jones, nem personagem de filme de ação. Anciões são reclusos, evitam modernidades, evitam contato com humanos, não se expõem, não falam com neófitos (exceto para oprimir ou com suas crias), tem uma rede de contatos, aliados e influências muito bem cuidada, se comportam no máximo como nobres de um filme vitoriano, mas com muito mais mais malícia e maldade no coração.


O nível mínimo de geração, e consequentemente o máximo de disciplinas, deve ser convincente com a forma como os personagens de jogador se comportam, de acordo com a experiência dos jogadores. Experiência não é tempo de jogo, já vi neguinho que joga Vampiro a 10 anos fazendo ancião de 500 anos que fala gíria, escreve no lap-top e manda recados por e-mail, que não respeita as tradições e é uma figura pública. E o pior é que eles gostam disso, fazem com uma fluência e familiaridade que nem parece que eles viveram 480 dos seus 500 anos de existência sem essas modernidades. Isso não é ancião, é apelação. É perda certa de todos os pontos de experiência por interpretação. 

6 comentários:

  1. Bom, é verdade. Posso falar que, no requiem foram reforçados os mecanismos que evitam isso. Contudo tambem se abriu a possibilidade de se aumentar a "geração" sem diablerie, bom a pessoa que o fizer o merece, afinal na nova sistematica custa muito... E o narrador pode conter avalaches de poder simplesmente contando a historia, afinal os "observadores de 480 anos" não vão deixar os "novos ricos" impunes. O caminho da diablerie é suicidio de personagem, fora a mecanica tradicional das leis de mascara, e ainda a despeito de convenções e facções...

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  2. quem dera mais jogadores pensassem assim... ou melhor... q mais narradores transmitissem essa idéia a seus jogadores....

    teriamos um mundo das trevas brasileiro mais horror pessoal e menos "busca por poder a qq custo", mas é isso ai... espero q muita gente veja isso aqui...


    flws

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  3. o problemna do vampiro é que o pessoal fica viciado em diablerie.... enche a paciencia as vezes.

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  4. ancião falando giria é demais ¬¬

    bah, até hoje eu tive a sorte de nunca ver algo do tipo acontecendo

    diablerie parecia interessante quando eu comecei a jogar, mas ai eu fui me aprofundando no jogo e descobri o quão chata ela é

    é mais facil fazer um personagem de baixa geração logo do que ficar baixando ela no meio do jogo, eu mesmo não faço personagem com geração maior que 10º

    Fuiz!!!

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  5. Eu não joguei muito Vampiro na vida, mas me causa certo repúdio a estrutura do jogo. Ser um vampiro me soa doloroso demais, mas mais cruel, soa a natureza metafísica da maldição: ela carrega a tendência à traição.

    Não é uma tendência natural, é exagerada e acredito que a obra prima de Mark Hein Hagen seja na verdade invisível aos alheios à psicanalise e analsise metafísica da obra. Mark se quer precisou expressar em regra, no lugar disso, construiu uma estrutura social, léxica, poética e metafísica que leva de forma muito forte ao desejo de Diablerie. Sendo na verdade necessário pensar em não praticá-la, para de fato não fazê-lo - pois isso seria o natural, o instintivo.

    Analisando por várias escolas podemos ver que ela é a quebra do Tabu, ela é a proximidade com o pai, retorno ao nada, ao mesmo tempo é uma forma de ascensão ilusória relegada aos fracos.

    Ou seja, ao construir um cenário de vampiro, podemos contar com o fato de que os presentes governantes de X cidade seja ciente dessa natureza comum a todos. Como tal, ele(s) tomou(aram) medidas para evitar e seus antepassados também. Diablerie impune será fato raro, porém não inexistente.

    O que não significa que precisa ser um fato narrado e conciente.

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  6. Humm... é mais ou menos
    Tem um número razoavel de vampiros de baixa geração, mas nenhum sería fácil de diablerizar - e, mesmo se conseguir de ficar com o corpo.
    O caso mais famoso é do Ventrue e do Assamita... mas, nao é o único.
    Tem um livro legal com matusalem a rodo - Secrets of the WOD - é crossover - Tem fichas como o da Tiamat, a história, itens e artefatos do WOD.
    Cairo By Night tbm tem uma galera de geração baixa e uma penca de true brujah.
    Vancouver by night (o primeiro livro que apareceram vampiros orientais) tbm tem uma galera sinistra - incluindo uns arcontes.
    A Maioria dos "by night" tem redes de influencia e o que os anciões acham uns dos outros... Alguns livros mostram um ou outro vampiro que tá nem ai com camarilla ou saba - e tem poder de sobra pra mandar qquer dos dois as favas...

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