terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

A morte do Mundo das Trevas no Brasil?


Apesar do título alarmista, não estou dizendo que o Brasil deixou ou vai deixar de jogar os jogos das duas linhas Mundo das Trevas, da White Wolf. Onde eu jogo RPG, o Centro Cultural São Paulo, Vampiro A Máscara ainda é o RPG mais jogado pelos frequentadores, seguido de perto por D&D. Mas a situação é alarmante. Sábado passado estávamos jogando numa mesa, e um amigo nosso estava iniciando uns amigos dele em Vampiro A Máscara, e veio perguntar onde podia encontrar os livros. Disse que nem mesmo na loja da Devir ele tinha achado o módulo básico. A solução: apelar para livros piratas.


O fato é que desde que houve o fim do Mundo das Trevas no resto do mundo, a Devir passou a publicar quase nada do Antigo Mundo das Trevas, e só veio a lançar o novo Mundo das Trevas ano passado. Foram 2 anos de completo marasmo em termos de publicações. Foram 2 anos sem incentivo para novos jogadores, sem estimulo para os antigos, sem nada de novo para ser jogado. Muitos dos antigos compradores de livros de Storyteller da Devir ficaram órfãos, e acabaram ou migrando para outros títulos, ou partindo para os livros piratas em .pdf.


O pessoal interessado no novo WoD e no Vampire: The Requiem acabou comprando os livros importados, já que os da Devir não saíam nunca... Vampiro: O Requiem não saiu até agora, e nem há previsões. E também não saía material referente ao Storyteller, que manteria todo esse público comprador incentivado, jogando, ensinando novos jogadores, e frequentando as livrarias, à espera do novo WoD.


Eu conheço bastante gente que está a espera dos Clanbooks Revisados, do Caçador: A Revanche, e dos Romances de Clã. Mas também conheço muita gente que parou de jogar por falta de estímulo, muitos até abandonaram o RPG. Durante esse período, ao invés de manter um público cativo, a Devir marcou bobeira, e perdeu o público interessado em Horror Pessoal, os potenciais compradores da nova linha Storytelling.


Tomara que eu esteja errada nessa análise, e que quando o Requiem vier, seja um sucesso de vendas. Não quero o mal da Devir, nem que ela vá à falência. Mas eu me pergunto: para que público a editora vai vender seus livros do novo WoD? Sem divulgação, sem incentivo, sem criar interesse pelo produto, eu duvido que o novo Mundo das Trevas emplaque. Todo mundo que eu conheço que tinha interesse no cenário já comprou seus livros importados.


Ainda teremos jogadores do Antigo Mundo das Trevas por aqui por vários anos. Não acho que o antigo WoD vá realmente morrer nas mesas brasileiras, mas cadê o mercado consumidor para a nova linha de jogos de horror pessoal que vai ser lançada? Dia após dia, eu vejo novos jogadores surgindo... jogadores que são obrigados a apelar para os livros em .pdf por não achar livros para comprar nas livrarias. Jogadores que prefeririam sim, ter o livro em papel em suas mãos. Só que quando alguém começa a baixar os livros, e pega o jeito de ler na tela do computador, o que garante que essa pessoa voltará a comprá-los algum dia?


Eu temo que quando a Devir diminuiu a publicação dos livros de Storyteller, com medo dos efeitos da Gehenna na queda das vendas, ela tenha condenado o mercado do gênero Horror Pessoal no Brasil. Se existe ainda uma esperança, vai depender de um trabalho de divulgação, de incentivo aos jogadores, de mostrar que respeita o seu público lançando o que foi previamente prometido... enfim, de coisas que eu não estou vendo acontecer.

3 comentários:

  1. Olha só... vc está longe de estar errada. A devir marcou toca mesmo. O novo WoD não vai ser um sucesso porque não vai ser lançada. O que vai acontecer é que a devir vai conseguir, sozinha, o que anos de Dragão Brasil e 3d&t não consguiram: dar fim no mundo das trevas.

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  2. Mais de 7 grupos de tradução amadora, mais de 10 projetos em andamento. No mínimo cerca de 150 pessoas ativa nesse hobbie de fãs. Imagine a quantia de revolta nescesária para tal.

    Fico triste com a atitude da maioria. Torcer o nariz pra mudanças, não enxergar que é um jogo novo e não mais uma edição do antigo. O old WoD morreu pelo preconceito em relação a terceira edição, processo semelhante pelo qual o New WoD passa aqui. Mais lógica: não compram livros, não lançam mais livros, o jogo não evolui nem se expande.

    Eu entrevistei o Malcolm Sheppard, co-escritor do Time of Judgment: Ascension e escritor freelancer para o New WoD. Ele me disse que, no caso DELE, havia um Convention Book (equivalente a um Clanbook, Tribebook etc.) escrito, editado e pronto pra lançar, mas foi engavetado pela morte do Old WoD. O próprio metaplot central, que incluia a crônica de Amanda (personagem de Kathleen Ryan), teve um final adiantado além do que ela havia planejado.

    Ouvi dizer que em Changeling: The Dreaming um tal de Keys to The Kingdom seria lançado e praticamente em todas as frentes do Old WoD o fenõmeno foi comum....

    Mago: A Ascensão tem cerca de 80 livros lançados lá fora, uns 11 anos de develop e 1 série periférica. É um jogo pesado, complexo e que foi expandido ao longo dos livros, chegando a deixar o terceiro livro BÁSICO insuficiente para sozinho suprir o material necessário para se jogar. A solução da própria White Wolf foi lançar uma coleção de periféricos mais baratos para complementar a obra - que sairam bem melhor que a encomenda.

    A Devir não lançou nem 6 livros da série, somando as 3 edições. Meio difícil pedir para que façam a mágica de entender uma coisa assim, se a Devir não se deu ao trabalho de ler, nem jogar o que traduz para saber qual é o problema com essa publicação. Eles se contentam com o positivismo: vende, publciamos, não vende, negligenciamos.

    Ela ajudou na queda, mas não fez o trabalho sozinha não. É muito fácil culpá-la, mas eu fico realmente MUITO puto com a quantidade de gente que me pede conselhos a respeito do manual básico com a desculpa de não saber inglês. Não nego a ajuda, mas sei que muita gente o faz não pelo difícil acesso ao livro, mas por preguiça, falta de vontade e inspiração.

    Mas o conformismo não é exclusividade de iniciantes, há formas mais sofisticadas dele. Façam uma pesquisa de opinião sobre o que acham do New WoD.

    Depois perguntem se realmente jogaram, ou leram pelo menos um dos livros básicos inteiro.

    No final da entrevista, Malcolm me disse uma coisa que vale muito aqui: Escrevemos livros para que vocês joguem, achem suas próprias respostas e até mesmo muitas perguntas novas, não escrevemos para que se discutam a respeito.

    Naturalmente eu perguntei se ele jogava, ele me disse que jogava New WoD, Old WoD, SAGA, D20 e agora Deliria quase toda semana. Ele me passou o contato do Phil Brucato e disse que ELE tinha adorado o trabalho após tê-lo COMPRADO na GenCon.

    Estamos falando de alguém que poderia ter as cópias gratis e autografadas.
    Cade a atitude dos jogadores e editoras brasileiros?

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  3. O que entristesce é o fato de que as editoras, como a devir , esperam vender para um público completamente diferente dos leitores comuns da mesma maneira que vendem todos os outros livros, que diga-se de passagem já é um trabalho de fé caso você não venda Paulo Coelho ou Dan Brown. Como esperam lucrar com rpg, se não apostam no fanatismo dos jogadores ( no possível bom sentido), matendo-os cativos e com suas sessões em andamento. Concordo que o descaso das editoras não deveria ser um impecilio forte o bastante para desistimular os jogadores e mestres, tantos foram os casos que ouvi de pessoas que disseram aprender ingles graças ao rpg, mas toda ajuda é bem vinda!

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