domingo, 2 de setembro de 2007

Interpretando um membro do Sabá

Os irmãos e irmãs do Sabá abraçam a sua natureza bestial, tendendo a ser mais monstruosos e violentos que os Independentes e Membros da Camarilla. Entretanto, é um erro pensar que essa monstruosidade se reflita em uma seita desorganizada e sem regras. A hierarquia do Sabá e suas regras devem ser respeitadas de forma rígida, sob o risco de ser considerado um traidor da seita e punido com a morte final.

A forma como um membro do Sabá se comporta perante os seus depende muito da Trilha de Sabedoria que ele segue, da facção dentro do Sabá, e dos Vinculli que ele possui. Entretanto, todo Sabá possui em comum duas idéias que permeiam todos os seus atos: em primeiro lugar a lealdade à seita e aos seus princípios, e em segundo lugar a luta contra a tirania imposta pelos anciões, representados pela Camarilla e suas leis. Esses princípios levam os membros do Sabá a realizar atos contra a Camarilla, e especialmente contra a Máscara em território da Camarilla, mas nenhum Sabá Verdadeiro é estúpido a ponto de pensar em fazer sujeira em seu próprio quintal, evitando assim chamar a atenção de seus inimigos para as regiões sob seus domínios e para si mesmos. Cidades controladas pelo Sabá costumam ser mais violentas devido à natureza da Seita, mas não são conhecidas por grandes demonstrações públicas da existência de Cainitas. Apesar de não existir o conceito de Máscara, existe bom senso entre os membros da seita.

Outro ponto importante refere-se ao respeito aos irmãos e irmãs de armas. Por não serem mais humanos, nem seguirem conceitos humanos, os cainitas do Sabá tendem a não se importar com as diferenças entre si. A Seita é mais importante que o Clã. O coletivo é mais importante que o individual. Desde que um Sabá Verdadeiro respeite a ideologia da seita, não há motivo para se tornar inimigo do mesmo. É claro que devido à natureza monstruosa da seita, inimizades ocorrem. Entretanto, o conceito de vingança pode ser  considerado um retrocesso para várias das Trilhas de Sabedoria seguidas pelos Membros do Sabá, por ser uma característica humana. Além disso, o Vinculum garante um certo grau de camaradagem. As disputas que ocorrem na seita são normalmente restritas a:

a. Disputas por poder: quando um membro considera um outro como sendo fraco e incompetente demais para ocupar aquele cargo, e almeja o mesmo para si.

b. Traição: quando um membro considera outro, um traidor da seita.

Como todo grupo militarizado e fanático, o Sabá possui regras muito rígidas com relação a disputas entre seus membros. Assassinatos são proibidos e punidos com a morte, e apenas o Ritus da Monomacia pode ser usado para resolver disputas entre seus membros. Mas a Monomacia possui um status sacrossanto entre os vampiros do Sabá, e não deve ser pedida de forma leviana. Além disso, o sacerdote do bando do cainita que pediu o ritual deve decidir se o assunto é ou não digno da Monomacia. Se ele decidir que o assunto é leviano demais para um ritual tão importante, este não poderá ser feito. Mesmo que o Sacerdote aceite presidir o ritual, o vampiro desafiado pode rejeitar o desafio, e dessa forma o desafiante ficará impossibilitado de agir legalmente contra o seu desafeto. Se a situação de disputa envolver traição à seita, o desafiante deve procurar um meio legal de punir o traidor.

 

O Tratado de Sustentação

Saibam todos que a partir de hoje, o Sabá existe como uma entidade livre, embora o preço desta liberdade venha na forma do sacrifício de certos direitos.

Neste dia, 19 de Setembro de 1803, todos os Sabás de boa fé e consciência devem interromper todas as queixas contra outros membros da seita.

Qualquer um que violar este acordo – ou seja, que aos custos da seita, declarar guerra contra um companheiro por motivos de benefício próprio – de agora em diante, será declarado banido e pode ser caçado pelo sangue que corre em suas veias. O banimento deve ser declarado por um bispo, arcebispo ou demais membro ancião da seita devidamente reconhecido.

Por este, estamos unidos. Por este, somos o Sabá.

Assinado,

Regente Gorchist

 

O Código de Milão

Assinado em 21 de dezembro de 1933, compõe as leis que permeiam a seita e devem ser seguidas por todos os seus membros.

I – O Sabá manter-se-á unido em seu apoio ao Regente da seita. Se for necessário, um novo Regente será eleito. O Regente apoiará a luta contra a tirania, garantindo liberdade a todos os membros do Sabá;

II – Todos os membros do Sabá devem dar o melhor de si para servir seus líderes contanto que estes sirvam à vontade do Regente;

III – Todos os membros do Sabá devem celebrar respeitosamente todos os Autoctoritas Ritae;

IV – Todos os membros do Sabá devem manter a sua palavra de honra uns para com os outros;

V – Todos os membros do Sabá devem tratar seus semelhantes com justiça e igualdade, sustentando a força e a unidade do Sabá. Se for necessário, eles devem suprir as necessidades de seus irmãos;

VI – Todos os membros do Sabá devem colocar o bem da seita e o da raça dos Cainitas acima de suas próprias necessidades, a qualquer custo;

VII –  Aqueles que não honrarem a esse código não deverão ser tratados como iguais, e portanto, não são dignos de assistência;

VIII – Como sempre foi, sempre será. A Lei de Talião será o modelo imortal de justiça pelo qual todos os membros do Sabá devem se guiar.

IX – Todos os membros do Sabá devem proteger uns aos outros contra os inimigos da seita. Inimigos pessoais devem continuar sendo uma responsabilidade pessoal a não ser que tenham o potencial de enfraquecer a segurança da seita;

X – Todos os membros da seita devem proteger os territórios do Sabá contra forças externas;

XI – O espírito de liberdade deve ser o princípio fundamental da seita. Todos os membros do Sabá devem esperar e exigir liberdade de seus líderes;

XII – O ritus de Monomacia deverá ser usado para resolver as disputas entre os membros do Sabá;

XIII – Todos os membros do Sabá devem apoiar a Mão Negra.

Anexo ao Código de Milão, de 21 de dezembro de 1993:

XIV – Todos os membros do Sabá têm o direito de monitorar o comportamento e as atividades de seus companheiros de seita a fim de manter a liberdade e a segurança;

XV – Todos os membros do Sabá têm o direito de invocar um conselho formado por seus semelhantes e líderes imediatos;

XVI – Todos os membros do Sabá devem tomar ações contra os membros da seita que usarem os poderes e a autoridade concedidos pelo Sabá em benefício próprio. Contudo, tal atitude deve ser tomada através de meios aceitáveis e aprovada por um quorum de Prisci.

10 comentários:

  1. Eu gostei da descrição, mas acho que é um lado bastante idealizado do Sabá.

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  2. Eu me lembro do meu primeiro personagem do saba. Ele era um "drill sargent" ou um sargentão. Meu objetivo era ensinar os novatos bundas moles a serem vampiros de respeito. Era um tipinho militar, estilo sargento Slaughter, bom de briga, estratégia e propaganda militar. Foi uma crônica muito divertida.

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  3. Shaftiel, o difícil é interpretar trilhas de sabedoria. Se pensarmos apenas em humanidade baixa, o Sabá irá virar balbúrdia sem objetivo. Mas a maioria dos membros do Sabá que possuem algum tipo de cargo (seja ele até mesmo ductus e sacerdote) já abandonou a humanidade para seguir o código rígido de uma trilha. Então não é tão impossível coexistir entre o lado fanático e o inumano. Eu compararia o Sabá com alguma coisa daqueles grupos do oriente médio. São fanáticos pela destruição de seus inimigos, não têm escrúpulos, e sabem que um certo grau de organização é necessário. É claro que sempre vai ter um cabeça de pá que não se encaixa, mas o Sabá Verdadeiro, que já provou seu valor para a seita, costuma ser fanático por ela.

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  4. O que eu quis dizer é que esse fanatismo não significa que o vampiro daria tudo pelo outro ou pela seita. Impõe-se nele tbm sérios sentimentos e tendências de suas linhas e a corrupção moral está profundamente ligada ao Sabá, só que de uma maneira mais pérfida e violenta que na Camarilla. A Camarilla seria como vemso a Igreja Católica hj em dia. Todo mundo já vê como corrupta, mas muita gente acredita em sua sustentabilidade e legitimidade. O Sabá seria como as igrejas evangélicas, com todos se portando como irmãos e santos, mas com a corrupção e os objetivos excusos correndo solto para quem quiser abrir os olhos.

    Tratando-se de conceito, o Sabá verdadeiro seria como vc descreveu, mas acredito que as ambições individuais e sentimentos não sejam tão suprimidos. Ser inumano no modo de pensar não significa apenas ser desprovido de sentimento, mas tbm ser dominado por eles ou por UM deles apenas, o que pode acarretar profundas modificações no modo de encarar a seita e ainda no que o vampiro acha ser melhor para a seita. isso gera divergências e corrupção que fazem parte de um dos temas essenciais do Mundo das Trevas.

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  5. Eu, particularmente, prefiro ver o Sabá sob o seguinte prisma: "Um objetivo, muitos aspectos".
    O ideal coletivo em contraste com o individual de acordo com a ótica respectiva de: Background, Clã e trilha.
    Um Cruzado Ventrue, membro da Inquisição e seguidor da Trilha do Acordo Honrado, terá uma visão bem diferente de um ex-membro do Voivodato Tzimisce que segue a Trilha da Morte e da Alma (ou mais diferente ainda como a trilha da Metamorfose) e que pertence a Inquisição também. Valendo ressaltar que dentro do próprio sabá existem seus opositores.
    Mas, nao discordo de você em vários aspectos. Escreveu uma belo texto sobre o que deve ser o sabá.

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  6. Shaftiel

    Devemos lembrar que para os Cainitas, ambições e sentimentos dependem muito da trilha de sabedoria seguida, e em geral são distintos dos padrões humanos, o que torna o sabá tão dificil de interpretar. E independente de quais eles são, para a Seita é importante demonstrar o comprometimento e a lealdade exigida pelo Sabá.

    É aí que entra o grande paradoxo do Sabá, pois a liberdade termina onde começa a seita. Esse é o tema de horror pessoal em jogos do Sabá.

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  7. desculpa Graci,
    Mas, este é apenas um dos muitos temas. Variando há abordagem, conforme o narrador.
    Dever Ser X Ser
    Demonstrar X Agir
    Background, Clã, Trilha X Valderie
    Há exemplo: Clã Nosferatu Sabá X Nosferatu Camarilla X Nictuku - troca de informações entre os nosferatus das duas seitas pelo medo maior dos Nictuku = traição?
    Brujahs idealistas X iconoclatas X anarquistas X brujahs do Sabá - pontos em comum, discórdia... debates?
    A temática varia muito, e é um tanto simplório se estereotipar todo o sabá, existe é claro uma onda de fanáticos, mesmo assim, vez por outra eles se encontrarão em conflito com algo exterior a seita, conflitos morais, de vida ou morte, ou uma outra ótica, até então ignorada, que podería beneficiar a seita como um todo.
    Existe a famosa "invasão" sabá - muito até explorada por pencas de narradores. Mas, existe também aqueles que buscam "converter" seus irmãos da Camarilla. Horror não é chegar sentando o dedo no irmão iludido da camarilla, mas se confrontar noite após noite tentando faze-lo ver a verdade em vão... Ai entra o principio do inimputavel (por ventura de origem biblica, embora eu nao seja catolico faz parte do estudo) "Eles não sabem o que fazem"...
    Matar neonate é fácil - agora converter são outros 500... Malkavianos, isso eu uso desde que comecei a jogar - NÃO matam malkavianos, pq eu sempre intui que a rede malkaviana era o próprio Malkav - ou seja, matar um irmão é matar uma parte de si próprio e do elo que os unem. Ai entram as tematicas, na minha opinião. Veja a história dos malkavianos e da união com o Sabá, o que a grande dementadora fez junto com os outros matusalens.
    Eles tentaram proteger os malkavianos da Camarilla. E, alguns vampiros velhos o suficiente não fazem parte de seita alguma - como podería se dizer do caso de Louhi, o quinta da Europa - um malkaviano com 8 em taumaturgia (oficial) ou a Nosferatu Baba Yaga.

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  8. A´é que está o tal de "difícil de interpretar pq não é humano".

    Acho as trilhas muito legais, mas considero quase que um elefante branco colocar coisas no jogo se não serão interpretadas. Prefiro considerar que as trilhas não medem só o inumano, mas a extrapolação do humano, para assim facilitar o quesito da interpretação.

    Acontece isos até no D&D, com muita gente interpretando raças não-humanas só coomo gente afetada de orelha pontuda, caipiras baixinhos e coisas assim.

    Acho interessante a questão da fidelidade do Sabá, mas há que se jogar com ela. Não colocar em questão a mesma torna a seita um pouco aquém do mundo das Trevas. E o Sabá é coberto de paranóias como incovadores de demônios e coisas assim. Nos romances dá para notar que apesar de toda a idéia da fidelidade, ainda há muita disputa e corrupção na seita, principalmente nos níveis superiores.

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  9. Independente de estar de longe de ser uma massa de ideais homogeneos, o Sabá é o arquétipo do fanatismo religioso dentro de Vampiro: A Máscara. Como tal, um código existe para qualificá-lo e como qualquer jogo da White Wolf o lado teórico e o prático (e uma teoria sobre o lado prático) existem já impressos no jogo.

    A maior punição para traidores em Mago: A Ascensão é o gigul.

    Apesar de ter o nome hebraico para "alma", a maior punição consiste na destruição da mesma. Você impede o sujeito de reencarnar e então, em "ato de misericórdia", dizima o que restou.

    Na história do metaplot menos de 18 dessas foram aplicadas, tanto pela maioria julgar isso um ato de crueldade demasiada com um único ser, quanto por não existirem muitos capazes e/ou dispostos a fazê-lo.

    Em visão extereotipada: Magos tem o péssimo hábito de ressucitar com idéias para vinganças mirabolantes.

    Punições menores vão da completa lavagem cerebral, marca d'alma e coisas menores, porém tão cruéis quanto inscrever o Nome Verdadeiro de um em panfleto e enviar para seus inimigos.

    Mesmo isso não os faz livres de não seguirem seus códigos sempre - isso quando os seguem. A diferença é a rigidez que a idéia aparenta ter nos elementos do cenário standard. Os códigos do Sabá são mais "sacros" para seus membros como um todo, do que são para as outras organizações. Você pode fazer uma leitura aonde a politicagem da Camarila funcione de maneira ainda mais fanática que o Sabá, mas não é essa a aparente estatística em romances e livros por ai - ao menos nos que eu li.

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  10. interessante, vcs dominam bem o assunto!

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