quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Você pensa no que os jogadores querem antes de criar uma aventura?


No dia 1 de janeiro, eu criei uma enquete no grupo de Facebook “RPG em São Paulo”, o qual administro, perguntando o que os usuários queriam jogar em 2013. É uma enquete aberta, muito longe de estar completa, mas onde cada usuário poderia incluir os jogos que achavam que estava faltando. Também é uma enquete onde cada um pode votar em mais de uma alternativa, e votar de novo quando surgem novas opções, e mudar de ideia também.

Meu objetivo com essa enquete é que sirva para os narradores do grupo, tanto auxiliando eles a verificar se há público-alvo para o que pretendem mestrar, quanto para que entrem em contato diretamente com as pessoas que votaram em determinado jogo, para formarem um grupo.



Mas analisando os resultados até o momento em que eu escrevo essa enquete, eu observei algumas coisas interessantes. Os dois RPGs que os jogadores paulistanos do Facebook mais querem jogar são Call of Cthulhu, que nem existe em Português, e Changeling: Os Perdidos, o mais recente lançamento da Devir da linha Mundo das Trevas. Ambos, no momento em que escrevo esse artigo, estão empatados em primeiro lugar.
O que o pessoal de São Paulo quer jogar.


A maior surpresa veio com o segundo mais votado até agora: Lobisomem: O Apocalipse. Eu não esperava que ele tivesse ainda, tantos fãs querendo jogar.

Agora vamos aos jogos que não foram publicados em português, e aparentemente nem vão ser tão cedo: Pathfinder está ganhando na enquete de todas as versões de D&D. Marvel Heroic Roleplaying Game está dando uma lavada em Mutantes & Malfeitores. Shadowrun e Scion estão muito bem votados. Legend of Five Rings não fica atrás.

E por final, outra surpresa foi ver jogos que eu achava que teria mais interessados, com pouquíssimos votos. O Um Anel, até o momento está com apenas 2 votos. Mutantes & Malfeitores é um baita jogo, e só teve 3. Muito se fala do Old Dragon, mas aparentemente o pessoal não está muito interessado em jogar. Será que o Old Dragon não “pegou” em São Paulo? 3D&T nem aparece na lista, o que significa que ninguém lembrou dele... Outros RPG nacionais que eu achei que iam lembrar também não foram citados.

Em termos comerciais, essa enquete não serve pra nada. Não serve pra definir o que as editoras devem ou não publicar, é pequena demais e restrita demais. Mas para a criação de aventuras e campanhas, que é o seu objetivo, ela é útil.

Muitas vezes o narrador tem vontade de criar uma aventura e acha que não vai ter jogadores para isso, ou acha que o seu grupo não vai gostar, e acaba não criando. Acaba narrando o que é moda, por ter certeza que isso vai agradá-los. Quantos de vocês já perguntaram para o seu grupo “Estou com vontade de narrar Múmia, vocês jogariam?”

Hunter: difícil de achar jogador interessado; Wraith: difícil de achar jogador que entre no clima

Outra atitude ainda mais corajosa é deixar claro para eles “eu mestro isso, isso e isso” e perguntar qual eles preferem. É claro que partindo da premissa que o narrador também deve se divertir, você não vai incluir nessa lista algo que não esteja a fim de narrar.

Narrar o que os jogadores querem é uma ótima maneira de prender a atenção e o interesse deles para o jogo. Grande parte da evasão nos jogos é decorrência da falta de interesse. É fácil perceber quando um jogador não está interessado.

Eu mesma, adoro filmes de zumbi, mas não jogo RPG de zumbi. Eu assistia filmes velhos de faroeste quando criança, mas não jogo RPG de faroeste. É questão de gosto, eu deixo claro que não gosto do tema, e não participo. Simples e sem ressentimentos. Mas e se você tiver jogadores que acharem que dizer “não gosto” é uma desfeita? Eles vão participar e vão ficar desestimulados.

Eu acredito que a conversa franca com os jogadores antes de definir o próximo jogo é a melhor forma de unir o grupo. E claro, os jogos one-shot são a melhor forma de verificar se o jogo é ou não o que os jogadores esperam.

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