Como calcular o preço dos acessórios artesanais de RPG

Uma coisa que trava a cabeça do RPGista que faz seus próprios acessórios de jogo é o preço que ele deve cobrar pelas peças artesanais que cria. Infelizmente, não existe uma fórmula mágica para calcular esse valor. Vai depender da complexidade, dos gastos, e principalmente da qualidade do produto final. Mas nesse artigo eu vou dar algumas dicas de coisas que não podem faltar quando você for determinar o preço de venda dos seus acessórios artesanais para jogo, de acordo com quanto você acredita que vale o seu trabalho.

Lembre-se também que não adianta valorizar demais o seu trabalho e não ser realista quanto ao mercado de trabalho (salários dos compradores). Se a peça ficar muito cara, as outras pessoas não poderão comprar. Fique atento ao público alvo. Poucos RPGistas podem se dar ao luxo de investir grandes somas em acessórios de jogo.

1. Calcule o custo dos materiais da peça.

Lembre-se que não é sempre que você usa todo o material que comprou em uma única peça, então calcule frações. Se você pegou condução ou gastou combustível para comprar material suficiente para 20 peças, o custo total do transporte deve ser dividido por 20 e adicionado aos custos de materiais da peça. Se você pagou frete pelos materiais, idem. Não esqueça de somar o custo de coisas aparentemente irrisórias, como pequenas quantidades de tinta ou cola. E principalmente, não deixe de somar o valor da embalagem em que você vai colocar essa peça. Provavelmente ela vai ser enviada pelos correios, então invista em uma embalagem resistente. Todos esses valores farão falta se você esquecer deles.


2. Calcule o valor de sua hora de trabalho. 

Vamos imaginar que você dedique todo o seu tempo de trabalho ao artesanato, sem ter um outro emprego. Quanto você acredita que deveria ganhar por mês exercendo integralmente essa atividade? Isso depende de muitas coisas, tais como a sua qualificação e seu talento, bem como a qualidade do produto final. Um trabalho que vale R$ 10,00 a hora no geral tem qualidade inferior a um que vale R$ 20,00 a hora. Além disso há outros complicadores, como a complexidade do trabalho, o grau de detalhes, o quanto aquele trabalho te deixa mentalmente cansado, quanto o seu corpo paga por estar fazendo aquilo por horas. Se o seu trabalho tem qualidade e complexidade suficientes para que você acredite que ganhar R$ 3.200,00 por mês só fazendo artesanato seria um valor justo, a sua hora de trabalho valerá R$ 20,00, por exemplo. Se você gastar uma hora e meia fazendo a peça, o valor do seu trabalho naquela peça é de R$ 30,00. Esse é o dinheiro que vai efetivamente para o seu bolso após a venda.


3. Calcule os custos secundários. 

Há materiais que gastam muita energia elétrica para confeccionar. Há materiais que gastam água. Há casos em que você tem de pagar aluguel apenas para manter um atelier. Há os custos de manter um site, e internet funcionando para fazer os negócios. Cada tipo de artesanato tem custos secundários próprios. Pegue todas as contas mensais e divida pelo número total de horas em um mês, já que essas contas associadas à manutenção da atividade não dependem apenas das horas trabalhadas. Um mês de 31 dias tem 744 horas, então os custos secundários por hora serão iguais à soma dos custos divido por 744. Multiplique pelo número de horas gasto para fazer a peça e some esse valor ao preço de cada peça. Normalmente esse é o menor montante a se somar no valor, então não se preocupe se não for muito preciso.


4. Não esqueça do lucro! 

Se você pretende se aperfeiçoar com cursos, se pretende fazer uma reserva para expandir o negócio, se precisa manter um dinheiro guardado para o momento em que precisará trocar de ferramentas, mandar um equipamento para o conserto, etc, a margem de lucro é essencial. Essa margem não é dinheiro que vai para o seu bolso, e sim dinheiro que deve ser guardado e investido para que o negócio cresça e para cobrir os gastos eventuais. A maioria dos artesãos calcula o lucro como sendo de 20 a 50% do valor de material + horas de trabalho + custos secundários. Se você tem um outro emprego e faz artesanato nas horas vagas, escolha a menor margem de lucro.


5. Preço final da peça

Some os itens 1 a 4, e você terá um valor DE CUSTO. Se o preço de sua peça for esse, você não poderá dar nenhum desconto por quantidades maiores ou pagamento à vista, porque simplesmente esse desconto seria removido ou do seu lucro (o que prejudica o futuro do seu negócio) ou do valor da sua hora de trabalho (o que prejudica a sua qualidade de vida). A maioria dos artesãos, pensando nisso, multiplica esse valor final por um fator, normalmente 1,5 e dá uma olhada no preço final que essa conta resultou. Compara ele com a sua peça, se achar que ficou muito caro e ninguém vai pagar, reduza um pouco, mas nunca chegando ao valor de custo. Assim, chega-se ao valor no varejo (valor de uma peça). A partir desse valor é possível dar descontos por pechincha, grandes quantidades ou pagamentos vantajosos, até o limite do valor de custo da peça.



Fazendo peças sob encomenda

Um grande problema sofrido por artesãos é a falta de compromisso das pessoas que encomendam peças e depois dão para trás. Para evitar prejuízos com esse tipo de gente, costuma-se cobrar antecipadamente até 50% do valor total da encomenda. Isso cobre custo de material, gastos secundários e tempo investido começando a confeccionar a encomenda, mas também significa compromisso por parte do artesão, de que uma vez o valor antecipado seja pago, ele irá imediatamente adquirir o material e começar a confecção da encomenda.