O Facebook possui uma vasta comunidade de jogadores de RPG. Por meio dessa rede social, grupos se formam, eventos são marcados, pessoas com gostos em comum se encontram. Os grupos temáticos de alguns jogos possuem milhares de pessoas interessadas nesses jogos. Alguns desses números se refletem na quantidade de mesas de jogo. Outros, como é o caso da comunidade brasileira D&D Next, com mais de 7000 pessoas, exprimem uma curiosidade verdadeira com a novidade, e o enorme desejo de aprender e jogar, mas como esse jogo não veio para o Brasil ainda (artigo escrito em abril de 2015), a própria indisponibilidade e valor do jogo limitam a quantidade de mestres e jogadores.
Em janeiro de 2015 eu abri uma enquete no grupo "RPG em São Paulo", com mais de 1500 RPGistas, e focado na cidade de São Paulo e arredores. O enunciado da enquete dizia:
"Que jogos de RPG eu mestro / narro (ou tenho conhecimento para narrar)? O objetivo é fazer um levantamento de mestres e narradores no grupo sem muita burocracia, facilitando inclusive a resposta a dúvidas e a formação de grupos. Cuidado para não acrescentar opções repetidas"
Os resultados até o momento foram bem interessantes. Abaixo, o número de votos e os RPGs votados. Estão listados os jogos com até 5 votos:
52 – Vampiro: a Máscara
40 – D&D 3.0/3.5
30 – Vampiro: A Idade das Trevas / Dark Ages Vampire
28 – Lobisomem: o Apocalipse
24 – AD&D
23 – Mago: A Ascensão
22 – GURPS
16 – Vampiro: O Requiem
15 – Mutantes & Malfeitores
14 – D&D
5th; Scion
13 – Changeling: O Sonhar; Changeling: Os Perdidos; Trevas;
Pathfinder; Mago: O Despertar
12 – Castelo Falkenstein; Chamado de Cthulhu
11 – Wraith: the Oblivion
10 – Daemon (sem citação de cenário); Star Wars D20; Savage
Worlds
9 – Lenda dos Cinco Anéis; D&D 1st; Cyberpunk 2020
8 – Mago: a Cruzada dos Feiticeiros; Lobisomem: os Destituídos;
Hunter: the Reckoning
7 – Fate/FAE;
Exalted
6 – 3D&T; Mundo das Trevas; Shadowrun
5 – Desafio dos Bandeirantes; Dungeon World; Terra
Devastada; Mulheres Machonas Armadas até os Dentes; Rastro de Cthulhu; Espírito
do Século
É claro que eu não posso afirmar com essa enquete que Vampiro: a Máscara é o RPG mais jogado em São Paulo, mas essa enquete mostra algumas coisas. A primeira a se pensar é que a quantidade de mesas sempre estará condicionada à existência de mestres / narradores para esses jogos. Então, de certa forma, essa lista deve refletir mais ou menos essa proporção. Como eu sempre joguei em locais públicos frequentados por RPGistas, posso afirmar que essa lista representa bem o que eu tenho observado.
Outra coisa interessante é que parece que paramos no tempo. Parece que São Paulo está presa no século XX com relação aos jogos de RPG. Isso, na minha opinião, reflete o descaso com o qual os RPGistas são tratados por aqui. A única editora de São Paulo que publica RPG a muito tempo parou de fazer eventos, parou de publicar RPG, compra licenças que as pessoas querem jogar para engavetar e impedir que outras editoras comprem, e enfia seu único evento de RPG anual dentro de um evento de anime lotado, caro, barulhento e sem estrutura para RPG.
Assim, abandonados como estamos, é natural que a idade média dos jogadores de RPG em São Paulo seja alta.São raros os jogadores novos, e eles aprenderam com jogadores mais velhos, que por conhecerem melhor os jogos publicados no final do século XX, acabam passando esses jogos para os mais novos, que no final, acabam mestrando esses mesmos jogos. Não é como se fosse fácil encontrar nas lojas aqui em São Paulo produtos da RedBox, Retropunk ou New Order. Não existem eventos para a divulgação desses jogos já que as editoras não estão por aqui, nem há incentivo algum para a formação de novos jogadores.
Tudo o que é feito em São Paulo visando a difusão do RPG é feito por grupos sem incentivo algum das editoras, e é natural que eles escolham os jogos que mais tem familiaridade e não precisem investir em material novo. E tudo o que temos acesso em português são jogos antigos comprados em sebo ou em grupos de vendas de usados. Não estranha o fato de que jogos não publicados em português, como o D&D
5th e o Scion tenham sido mais votados que jogos nacionais (Tormenta e Old Dragon nem foram citados na enquete). Scion foi um jogo que chegou nas nossas lojas, não é raro alguém ter, e não é raro ver mesas rolando. D&D 5th é a novidade que todos querem jogar e estão se esforçando para isso apesar do valor do dólar. Old Dragon às vezes tem nas prateleiras, mas sem alguém pra dizer "vamos jogar esse jogo", quem é que vai se interessar? Nunca vi um Yggdrasill nas prateleiras por aqui, e é um senhor jogo! E por aí vai.
São Paulo não é o Brasil. Nós não temos uma editora interessada em nós. Nós somos jogadores teimosos e público ávido por novidades que não chegam aqui. Nós podíamos ser os maiores consumidores de livros de RPG no Brasil, mas só conseguimos livros comprando pela internet. Então, eu vejo mais jogadores interessados nos jogos que já conhecem ou que são muito bem avaliados lá fora, do que nas novidades trazidas pelas editoras menores, já que não existe divulgação desses jogos por aqui.
Graci, parece que vi o número de mesas do EIRPG de 1998 aí. Eu mesmo adquiro poucos jogos novos, meus últimos foram um violentina, um este corpo mortal e Fiasco, mas estou de olho desde dois mil e treze no lançamento do Monsterhearts, o que posso dizer é que experimentar um sistema novo hoje tem que me trazer um experiência nova, ou sigo comprando suplemento para meus velhos jogos da Devir,Daemon, Akritó e GSA.
ResponderExcluirOlá Graci, como vai? Olha, aqui no RJ também paramos no séc. XX do roleplay, mas ainda assim tenho inveja do ativismo rpgístico de sampa...
ResponderExcluirSaudações
Joe/Joshua Z.W.