Uma das coisas que nos consola é a ilusão de que somos invencíveis, imortais, que estamos fora das estatísticas.
Isso é mais comum com as pessoas que trabalham com criatividade, e os RPGistas se encaixam nessa categoria. Muitas vezes criamos fachadas de saúde, de força, de alegria... Muitas vezes essas fachadas não são para nos proteger, e sim para proteger aqueles que nos cercam.
Para livrá-los de preocupações, quantas vezes não criamos uma distância segura? Eu entendo porque como a maioria dos RPGistas, eu também faço isso.
Mas presos em corpos humanos, todos nós estamos sujeitos à inevitável fragilidade, e a carne um dia cobra seu preço. Mas as idéias ficam. A memória não vai se apagar. O legado persiste.
Ontem, um grande Mestre nos deixou... Mestre no RPG e em seu trabalho como professor. O Ângelo iniciou uma infinidade de jogadores a vários cenários de RPG bem incomuns no Brasil, e sua forma de conduzir uma crônica pôde servir de exemplo pra vários outros Mestres e Narradores.
Uma pessoa como o Ângelo não descansa. Ele continuará seu trabalho onde estiver, ensinando, como ensinava aqui neste plano, que a criatividade e a fantasia estão dentro de cada um, que o potencial é algo que precisa apenas ser despertado.
Obrigado, Ângelo, por ter sido meu Mestre e meu jogador. Tivemos ótimos momentos em nossas mesas, tanto em jogo como em off. Vou ficar com inveja daqueles que tiverem contato contigo de agora em diante. Mas é uma inveja boa, saudável.
Por enquanto nos despedimos, mas não me despeço de seu legado.
Graci