sexta-feira, 8 de junho de 2007

Sobre Justicares, Alastores e Arcontes em crônicas da Camarilla

Um guia prático de sobrevivência para Narradores

 

Andei verificando em alguns jogos, especialmente os jogos por fórum, um grande número de personagens de jogador assumindo o papel de Alastores, Arcontes, e até mesmo Justicares.


Para ajudar os narradores e também os jogadores a compreender o papel destes três cargos dentro de uma crônica, elaborei esse texto, com base na leitura não apenas do Vampiro A Máscara e do Guia da Camarilla, mas do "Arcons and Templars", livro que esclarece melhor o objetivo desses cargos em um jogo. O texto é um pouco simplista e reducionista, não tenho o objetivo de abranger o papel desses cargos nem de abordá-los com profundidade. O objetivo desse "guia" é simplesmente alertar os narradores para que não comprometam a integridade e qualidade de suas crônicas, bem como a diversão de seus jogadores, com o uso desnecessário desses personagens.


O primeiro ponto a ser deixado claro, é que nenhum Justicar, Alastor ou Arconte virá a uma cidade se não houver um bom motivo para isso. A maioria das cidades funciona com o Príncipe sendo o soberano, e se uma visita de um Arconte acontecer a cada 50 anos, é demais. Problemas internos de uma Camarilla local jamais são motivo suficientemente forte para a presença de um membro de um desses cargos, a não ser que:


- O Príncipe da cidade esteja sob suspeita de traição. Nesses casos, um Justicar enviará um ou mais Arcontes para investigar o Príncipe;

- O Príncipe peça ajuda a um Justicar para resolver algum problema interno. Nesses casos, o Justicar enviará um ou mais Arcontes, que ficarão a serviço do Príncipe;

- A cidade tenha sido atacada recentemente pelo Sabá e não tenha condições de se defender sozinha; Nesse caso podem ser enviados um ou mais Arcontes, representantes de um ou mais Justicares, que ficam na cidade apenas até o problema ter sido resolvido;

- Haja um conclave. Este costuma ser o único caso em que Justicares visitam a cidade, e podem trazer um grande número de Arcontes. Normalmente após o Conclave, todos os Justicares e Arcontes deixam a cidade. Um ou mais Arcontes pode ser deixado na cidade por mais um tempo, para garantir que o que foi decidido no Conclave seja realizado.

- Exista suspeita de que um poderoso Membro da Red List mundial esteja na cidade. Apenas nesse caso, um Alastor é enviado à cidade, na caça por este Membro em especial. O Alastor pode caçar e punir todo vampiro que der abrigo ou oferecer ajuda ao Membro que ele veio caçar. Alastores são designados para caçarem Membros em específico, e saem da cidade tão logo tenham concluído a sua missão ou cheguem à conclusão que o Membro que ele tem de caçar não está na cidade. 

 


Usando Justicares, Alastores e Arcontes em uma crônica:

É altamente recomendável que nenhum jogador assuma o papel de Justicar, Alastor ou Arconte em uma crônica ambientada em uma cidade. Existem várias justificativas práticas para isso:

- A maioria deles não fica na cidade da crônica por mais de uma semana ou duas semanas. Se não há motivo muito bom para um personagem desses ficar na cidade, ele é obrigado a sair. Assim, eles não se estabelecerão na cidade, não terão refúgios fixos e não terão antecedentes ligados a influência e contatos. Também não poderão assumir um outro cargo na Camarilla, pois estão comprometidos com a seita em nível mundial.

- Alastores e Arcontes são detetives e assassinos muito bem treinados, mas acima de tudo eles são frios e dedicam a sua não-vida à prestação de serviços à Camarilla. Assim, é muito difícil fazer com que um personagem desses consiga desenvolver laços com outros personagens, ou uma trama relacionada a horror pessoal, objetivo do jogo de Vampiro.

- O Narrador corre o risco de perder o controle de sua crônica, uma vez que jogadores muitas vezes abusam do poder concedido por esses cargos, ignorando a dedicação que os personagens teriam às Tradições da Camarilla. Um personagem desses não sai da linha, a não ser que isso seja necessário para manter as Tradições.

- Permitir tal poder a um personagem de jogador é protecionismo a esse jogador. Não há outra definição apropriada para isso. Todos os jogadores que se esforçaram para alcançar um cargo na Camarilla local durante a crônica serão invariavelmente prejudicados quando o narrador permite que um jogador assuma um personagem que entra com benefícios de tais cargos, uma vez que eles, potencialmente, estariam acima do poder do Príncipe da cidade.


Em resumo, se a sua crônica gira em torno dos problemas de uma cidade, utilize Justicares, Arcontes e Alastores apenas quando não houver mais jeito, e sempre como NPCs.
É muito melhor para a crônica, deixar que os personagens de jogador resolvam seus problemas internos, do que inserir personagens poderosos para resolver os problemas deles.

Tenha em mente sempre que não existe motivo algum para permitir um prelúdio de Justicar, Arconte ou Alastor (nem o prelúdio de um ex-algum desses cargos) na sua crônica, e que a maioria dos jogadores que faz prelúdios assim é individualista ou egoísta demais para pensar em algo mais do que seu próprio jogo. É esse tipo de jogador que você deseja em sua crônica, ou você deseja um jogador que esteja disposto a contribuir com o jogo como um todo?